quarta-feira, maio 14, 2003

Alice atrás do espelho

Morpheus, epíteto do mestre dos sonhos, o moldador da realidade avassaladora e intangível que nos envolve apenas enquanto dormimos. Nas malhas da Matrix ele nos chama para despertar e não para a dimensão de possibilidades infinitas do sonhar; nos pergunta se queremos a pílula vermelha e encarar a realidade ou a azul e permanecer no sonho digital.

Na tela hollywoodiana a questão se perde diante dos super-poderes do indivíduo comum que se converte em Deus no mundo da fantasia; de certa forma é lá, entre os zeros e uns, que ele é especial e diferente, no mundo real não passa de um homem dentro de uma nau decrépita.

Fico me perguntando que pílula Neo realmente bebeu, que pílula cada um de nós bebe diariamente ao assistir os noticiários, filmes e seriados. Somos levados a ver o mundo mais violento do que realmente é? Somos conduzido à saturação dos sentidos ao assistir guerras virtuais em telas esverdeadas? Pode não ser fácil identificar a realidade, e isso faltou a Matrix.

Em nossa matrix diária Sadam é um tipo de supervilão responsável pelo mal no mundo, os moradores das ruas são inimigos a combater ou a temer, o nosso país está condenado a seguir sempre para o fundo da ribanceira... Tudo isso são pílulas que nos suga as energias e nos convence a jogar o corpo em um sofá na primeira oportunidade para transferir nossa consciência para as histórias que desfilam pela tela...