terça-feira, setembro 19, 2006

O Roney não mora mais aqui (2)

Um ano atrás coloquei o que seria o último post deste blog só para avisar que me mudei para um blog usando Wordpress no meu próprio domínio.

Ai resolvi escrever dois novos posts e agora quem chega aqui pode pensar que ainda uso este blog. Não uso! :-)

Apareça lá na nova Galeria de Espelhos, tá?

domingo, novembro 20, 2005

Dança: Espaço para dois


A Renna (a bela bailarina do lado direito da foto, claro) é uma das poucas bailarinas que me fez arrepiar com uma coreografia. É que eu adoro dança contemporânea, mas acho que pouca coisa hoje em dia é feita realmente com sentimento.

Pois ela tem uma qualidade de sentimento que não é comum, ainda mais considerando que está começando a estrada e se forma amanhã na faculdade de dança Angel Vianna. Se ela continuar unindo conteúdo ao seu sentimento podemos esperar grandes espetáculos vindos dela.

Amanhã estarei lá para conferir.

O que? Dança Contemporânea - Espaço para dois
Onde? Espaço Sérgio Porto - Rio de Janeiro - Humaitá
Quando? 21/11/05 - 20:30h
Quanto? R$5,00 (inteira), R$2,00 (meia)

quarta-feira, novembro 16, 2005

Cadelinha sumida em Volta Redonda - RJ


Já faz um tempão que deixei este blog de lado para usar o Wordpress, mas isso não vem ao caso, o que vem ao caso é que minha colega de trabalho, a Camila está toda chorosa aqui ao meu lado pois sua cadelinha de seis anos se perdeu hoje.

Ela está aqui ao lado.

Seu nome é Dara, uma poodle caramelo. Deve estar sem coleira, mas estava de lacinho. O tamanho dela é de uns 50cm de comprimento e uns 30 de altura.

A última vez que ela foi vista foi no bairro Vila Rica (em 15/11/05) em Volta Redonda.

Se você puder ajudar ou tiver qualquer informação deixe um comentário aqui, certo?

Para falar com a Camila você pode usar o email camilatafuri@gmail.com.

Atualizando em 20/11/05
Ela foi achada ontem em um bairro distante entre o ponto em que ela se perdeu e sua casa! É impressionante o senso de direção e fidelidade destes animais, né?

A família toda, e amigos, estava mobilizada para localizar a Dara. Cada grupo ia em um lugar mostrando a foto e perguntando se tinham visto a cadelinha.

A certa altura encontraram com uma mininha que passeava com seu cão e lhe perguntaram se ela tinha visto a Dara (mostrando a foto). A meninha não só a tinha visto como eles tinham levado a Dara apra a casa da avó dela.

Que bom que ainda existe gente boa e caridosa, né?

quarta-feira, junho 29, 2005

Mudei...

Veja só! Faz um ano que mudei para o Wordpress e nunca avisei aqui...

Já que tive que entrar para ver a interface e dar umas aulas para uma amiga aproveito para deixar o link para o meu blog atual, o Galeria de Espelhos.

E já que é para relembrar como usar o Blogger vou incluir uma foto:


Uma citação (de minha autoria):
Os comunistas não entendem a natureza humana, os capitalistas não entendem a natureza.
Umas palavras em bold, de outros tamanhos, outras cores e outros tipos...

Também uma listinha numerada;
  1. Um item;
  2. outro item;
  3. e o último.

... e uma sem números.
  • Caçapá;
  • Beapá;
  • Macapá
Dá para fazer um texto justificado, mas neste caso tem que ser um texto longo para que o leitor possa notar que está justificado, afinal em um texto em três linhas não se nota este tipo de coisa. Este é um bom momento para testar a arte máxima da massa dos colunistas modernos, a capacidade de falar por horas o que caberia em uma única linha, algo como "O Brasil tá na merda, e agora?" e vira um longo texto com extensos parágrafos que esbanjam do rico vocabulário e imprecações esquecidas como proxeneta! ;) Bem, acho qeu bastou embora eu tenha roubado duas vezes comendo dois parágrafos.

Texto alinhado à direita,
Ao centro
À esquerda. Este tem que ser meio longuinho também, pelo menos duas linhas para ficar claro que não está justificado como o blocão de encheção de linguiça... Encheção se escreve assim????

Só não entendi qual é a dificuldade da Elisa em escrever aqui...

terça-feira, agosto 31, 2004

... logo existo!

- Não dá para acreditar que uma consciência como a humana se desenvolveu em animais normais, como os que vemos hoje coçando atrás da orelha com as patas, ou comendo bananas nos zoológicos.

- Tem razão! Olha nossos edifícios, as intrincadas sociedades que construimos, o brilhantimos das nossas filosofias e o assombro da nossa capacidade de ir contra nossos instintos por honra, idealismo ou fé!

Os dois passam pelas calçadas de Ipanema conversando animadamente. Sócrates, Sófocles, Lao Tsé e tantos outros senhores do pensamento acompanhando suas reflexões.

Ainda fechadas, as casas por onde passam logo se encherão de luzes e do martelar dar músicas e de corpos febris, disputas truculentas e rituais de afirmação de poder dos machos.

Penso...

segunda-feira, agosto 30, 2004

Vergonha

Quase um mês atrás um grande amigo me pediu que abrigasse sua amiga italiana que viria ao Rio para estudar o Teatro do Oprimido. Ela chegou na quinta-feira passada.

É uma moça jovem, com todo jeito de carioca, destas pessoas com quem fazemos amizade instantaneamente. Nos seus 22 anos já conseguiu tempo para falar um punhado de línguas, passar dois meses na India (onde aprendeu mais uma língua), três anos estudando antropologia em Londres, fazer balet, teatro e agora está aqui, aprendendo cada vez mais.

É... Tem gente que realmente fixa um objetivo e sabe buscá-lo.

Mas tive vergonha!

O pai dela, afinal é filha e tem apenas 22 anos! está no país para ter certeza da segurança da sua pequena. A propósito, vendo o pai entendemos a filha! Bom sujeito! Bom sujeito mesmo! E ele ficou preocupado ao ver a Lapa e escutar os aviso do segurança do Centro do Teatro do Oprimido.

Não gostamos de admitir e nos acostumamos tanto com o nosso meio que já não o vemos mais, a não ser através de uma grossa nuvem de indiferença. No entanto, ao me colocar no lugar daquele pai também tive medo! Tive medo e me envergonhei que não possamos receber os visitantes garantindo-lhes paz!

Sim, é verdade que a nossa injustiça social é o que atrai vários deles. É verdade que as nossas veias abertas podem ser a nossa salvação: onde a doença aflora é também onde ela será mais compreendida e melhor combatida. Mas tive vergonha!

Eles não disseram nada, mas as fileiras de homens sem trabalho que esperavam comida eram uma chaga que não precisava de comentários!

Enquanto tenho vergonha escuto os ecos dos nossos discursos demagógicos que engendram justificativas para amenizar a nossa responsabilidade e transferí-la para eles, os que moram nas ruas, que comem nas ruas, que perderam as esperanças.

Vou carregando minha vergonha, nossa vergonha, enquanto as Marias do Brasil, empregadas domésticas e de tantos dons, cantam e dançam sua história entre as paredes rústicas das instalações do Teatro do Oprimido!

domingo, agosto 29, 2004

Sorriso da Favela

Das vias iluminadas e aquecidas pelos escapamentos dos ônibus que cruzam as grandes avenidas de Copacabana escapam estreitas ruas esquecidas pelas multidões. Calçadas cobertas pelas sobras das árvores sob as lâmpadas dos postes altos.

Conforme os passos seguem em direção à penumbra os ruídos da vida noturna se perdem em algum lugar lá atrás. Então uma esquina como tantas outras, perdida no mapa da memória que se esforça por traçar o caminho pelo emaranhado de ruelas.

De um lado uma ladeira, do outro um corredor de sombrias copas de árvores. Os olhos buscam os céus em busca - instintiva - da segurança e orientação divina e centenas de luzes se estendem acima dos edifícios, um céu estrelado de casas modestas cravadas na carne negra do morro do Pavão; o traçado de um sorriso de luzes pontilhadas; sorriso irônico que expõe a ilusão das ruas plácidas sob seus olhos anônimos atrás de pequenas janelas iluminadas.

Idéia original Alessandra D'Onófrio


sexta-feira, agosto 27, 2004

Arte Encaixotada

Quando escrevi o post anterior a intensão era falar de certas supostas formas de arte atuais. Mas não deu... Ainda bem!

Temos nos encaixotado tanto em nossos universos particulares, nos afastando das fontes primordiais de vida e de percepção a ponto de criar obras totalmente sem sentido para as pessoas comuns!

Um monte de pontas de cigarro, garrafas vazias e cinzeiros é lixo! Um saco de lixo cheio de papelão é lixo, uma banheira suja é uma banheira suja! Se um faxineiro passa e limpa isso tudo talvez seja melhor repensar nosso conceito de arte e não de criticar a falta de sensibilidade artística do povo!

Raízes expostas

- Ah! Pura arte não acha?

"Arte? Onde?" penso olhando ao redor procurando algo no meio da rua cheia de carros, algumas árvores e centenas de pernas ansiosas que transportam pessoas de semblantes fechados. Nada! Não vejo nada!

- Onde você está vendo arte!? - Pergunto

- Olha ali, na esquina sentadinha...

As calçadas são cobertas de tijolos vermelhos que não levam a nenhum mago e nem caminham sobre ela uma menina, seu cão, um espantalho um leão e um homem de lata. Entretanto posso ver alguns pombos ciscando uma faixa de pão branco esfarelado, devia haver ali pelo menos umas três bisnagas grandes. Bem ao lado, como se fosse uma cornucópio de onde o pão jorrasse se sentava uma baiana vestida de panos brancos e com uma touca do mesmo tecido. Em seu colo a foto de algum santo ou divindade.

Negra como o asfalto logo atrás ela mantinha os olhinhos cerrados emoldurados por rugas que traçavam um mapa em seu rosto tranqüilo. Parecia dormir, parecia parte da terra, como se fosse mais antiga que a cidade ao seu redor. É... era pura arte!

quinta-feira, agosto 26, 2004

Desconfie do que é fofinho!

Ah! Frases fofas, histórias fofas, slides fofos e poemas fofos! Muitas vezes este mundo rosa vem de mentes estranhas e paradoxais!

Primeiro li a ode contra o fofo, depois descobri que a autora daquele poema fofo das pegadas na areia - o que diz que os trechos em que havia apenas um par de pegadas era Deus que a carregava, lembra? - confia mesmo é no poder de um bom revólver Taurus nas horas de insegurança!

Ih! Se deixar este papo vai longe mergulhando cada vez mais em um mundo de fantasia e contradições que encabeça as manchetes da maioria dos jornais! Melhor ficar por aqui antes de um amigo imaginário, um Gato de Botas ou um saci pererê venha rir da minha cara dizendo "eu disse, não disse? Mas eu disse!"

quarta-feira, agosto 25, 2004

Então ele descansou sobre uma rocha...

Há tempos falo contra o cristianismo, no entanto, ao mesmo tempo, lembro de Frei Betto e Leonardo Boff somente para citar dois cristãos que jogam por terra todas as minhas críticas.

Acontece que a TV, o rádio, campanhas políticas e histéricos sistemas de som de igrejas evangélicas gritam um evangelho que agride e me leva a reagir e rejeitar sua mensagem! E todos eles se dizem cristãos! Provavelmente já estaria decaptado se fosse iraquiano ou preso em uma solitária se morasse nos Estados Unidos da América, mas felizmente estou no Brasil e posso berrar contra este cristianismo pervertido.

O tal cristianismo pervertido grita tão alto que já não desejo ouvir a mensagem do cristianismo puro! Graças a Deus há quem ainda o escute e o preserve! Resta saber se eles serão como os últimos druidas extinguindo-se lentamente ou se poderão restaurar a busca de religação com o aspecto mítico da realidade.

Um dia um homem santo que caminhava pela estrada de barro talvez tenha sentado sobre uma pedra no caminho, lançado olhos ao redor admirando a criação e se perguntado porque a criação tão plena precisava de tantas palavras para ser entendida. Imagino que logo em seguida ele talvez tenha se deitado sobre a rocha morna cumprimentando o irmão sol e a irmã lua que já se levantava no horizonte...

terça-feira, agosto 24, 2004

Encontro com Yarikh

As nuvens que jogam a garoa fina sobre as pedras portuguesas do calçadão da praia de Copacabana cobrem totalmente a lua minguante, que estaria rindo para mim, enquanto fico ali, parado, olhando para as ondas que se quebram além da faixa de areia.

Gosto da sensação das gotículas, do vento frio que atravessa o tecido mais grosso... faz os ruídos da cidade se perderem ao longe enquanto a memória me joga de volta ao tempo em que a Terra era virgem e o céu não era ofuscado pelas luzes da cidade. Numa noite como esta, até as feras estariam encolhidas nas reentrâncias das rochas ou sob as raízes das árvores mais altas para se proteger do frio do inverno. Olho ao redor, perscrutando a escuridão entre as árvores que existem apenas em minha memória. Os edifícios e luzes modernas não parecem mais do que devaneios diáfanos, ilusões óticas diante da escuridão completa.

A viagem é interrompida por uma imagem que rasga o véu das memórias, projetando-se ao passado até me alcançar. Lá está um banco de pedra na orla, um homem sentado nele de costas para mim; observa o mar escuro com o queixo apoiado nas mãos e os cotovelos sobre os joelhos. Sento-me ao seu lado sem emitir uma palavra e passo a observar a mesma escuridão ruidosa que ele.

- O céu noturno já não tem minha luz... - ele interrompe o silêncio.

- As nuvens a encobriram... Sua luz?

- O exílio dos homens a extinguiu! Sou Yarikh, deus Lua, ou era, alguns milhares de anos antes deste dia e em terras distantes de areias escaldantes.

- Lamento... Nunca ouvi falar... Errr... Exílio dos homens?

- Vocês adoravam a criação, viviam entre todos os seres vivos e seguiam com eles a respiração da Terra que era regida pelas minhas fases. Então se encheram de orgulho, decidiram que o mundo já não lhes bastava, exilaram-se em seus livros, inventaram estranhas religiões e, finalmente, cidades onde o solo é estéril e paredes de pedra escondem o horizonte; vocês se exilaram...

Por alguns segundos ele se cala, olha nos meus olhos pela primeira vez e seu rosto é rígido como a rocha, pálido como a espuma das ondas e seus olhos, negros como a noite. Então, sem tirar os olhos de mim, continua:

- Minha luz já não brilha mais para vocês. Ishtar, Anath e Astartéia já não dançam para o seu prazer. É no exílio - na comida, na ilusão e na soberba - que vocês encontram sua fé! Se algum dia nos olharam e tentaram nos entender, agora só olham suas próprias imagens, seus próprios ídolos de rocha, papel ou palavras...

- "Todo sonho se desfaz um dia... Se demorar demais, vira pesadelo e acordamos chorando, mas sempre acordamos." Imagino que seria isso que um amigo meu diria, se estivesse aqui... Ele geralmente está certo! - digo, lembrando da alegre figura de chapéu emplumado.

- Espero que sim! Espero que sim...

E voltamos a mergulhar nossa atenção no rugir das ondas invisíveis na escuridão da noite sem lua, enquanto a cidade moderna aos poucos vence as brumas do tempo e espalha-se novamente ao nosso redor, trazendo seus ruídos, odores e texturas luminosas...

segunda-feira, agosto 23, 2004

Os anos da grande fuga

Fiquei pensando sobre o papo com o Gato de Botas... Acabei lembrando de um outro papo em um grupo no Multiply que tenta refletir sobre as dubiedades humanas. É um grupo paraaado! Ninguém parece querer falar sobre nossa fragilidade.

A sanidade é frágil, a consciência é frágil, nossa sexualidade é frágil... Algumas vezes dá para olhar as pessoas na rua e ver no fanático (não necessariamente religioso) o esforço desesperado em achar um chão que preserve sua sanidade. Não precisa procurar muito para encontrar dubiedades da cosciência de gente que afirma uma coisa, pensa outra e faz uma terceira jurando a si mesma que é coerente! Os mais comuns são os machistas e moralistas que lutam desesperadamente para manter sua sexualidade coesa quando talvez nunca tenha sido...

O mais assustador no entanto ocorre ao olharmos para o espelho! Se não faltar coragem vemos todos estes tipos, em maior ou menor grau, olhando de volta para nós logo ali do outro lado do fino vidro do espelho! Pronto para romper a barreira, nos pegar pelos ombros e gritar "me deixe ser livre! Me deixe ser livre!"

A cena é tão assustadora que já não olhamos mais para espelhos, a não ser para ver se o cabelo está como se espera, se não há uma espinha que vá nos envergonhar na rua... Só olhamos fixamente para nossos próprios olhos ao colocar a lente de contato, mas nesta hora olhamos sem ver, sem atenção.

E os dias se passam em uma grande fuga da realidade... Transferimos para fora nossas responsabilidades... O destino fica por conta de deus. Os nossos erros por conta de outro deus, o do mal. Os medos, remorsos e perguntas essenciais nós abafamos com a tv ou a grande tela dos cinemas... Mesmo quando o filme nos chama ao questionamento...

E depois o lunático é o Gato de Botas e o seu companheiro de água de coco no quiosque da praia de Copacabana...

domingo, agosto 22, 2004

Opinião do leitor

Hoje à tarde o telefone tocou, era o Gato de Botas, queria dar uma volta, me obrigar a respirar a brisa do mar... Extranhei, ele não é afeito a este tipo de cortesia! Normalmente aparece sem o menor aviso e nas piores horas... Outro dia estava saltando e fazendo caretas atrás de uma mulher afetada que tentava me convencer de alguma absruda posição política. Nunca saberei do que ela falava pois o Gato destruiu minha capacidade de concentração!

Não se rejeita um convite tão inusitado, principalmente quando vem de uma figura que, apesar de tudo, é um bom amigo!

Sentamos em um quiosque em Copacabana, o Gato pediu dois cocos e pagou. Sentou-se jogando o seu rabo para fora por um dos espaços no encosto da cadeira para ficar mais confortável. Seu rabo balançava distraidamente, quando se abaixava até o canudo para beber sua água o grande chapéu de mosqueteiro cobria seu rosto peludo. Os pés vestidos com a bota preta e surrada ficavam longe do chão balançando animadamente. Por alguma razão estranha ninguém prestava atenção nele ou em mim!

- Quer dizer que todo dia você escreve alguma coisa naquele seu... como se chama? blog? - Ele me perguntou olhando-me com aquele par de olhos grandes, infantis e faiscando aquele brilho que apenas a alegria juvenil tem!

- É... Me faz bem... - Ainda estou dispersivo tentando flagrar um olhar de esguela das pessoas que passam.

- Você fala de mim lá, não é? Eu vi em um ciber café outro dia... Um amigo me mostrou! Eu gostei!

- Como é? Que amigo... Espera! Acho que prefiro não saber! - desperto e olho para ele apenas para encontrá-lo olhando para mim animado e continuo - Pois é! Quando me falta inspiração falo de você, sempre há algo de engraçado que você tenha feito para lembrar.

- Huu... Se você escreve porque te faz bem... Quer dizer, não é para os outros que você escreve é? Bem, eu me diverti lendo, mas não acho que uma pessoa normal perca tempo lendo aquilo. Você sabe que não sou uma pessoa muito normal, né?

Como assim "pessoa muito normal"? Ele só podia estar brincando!

- É amigo, você definitivamente não é muito normal!

- Eu lembro dos meus sonhos, sabe? De todos eles! A maioria das outras pessoas já não dá mais atenção para isso! E o seu... blog, né? são sonhos! Tive vários deles, acho até que você andou dando uma espiadinha!

- Gato!?

- Sim?

- Que papo é esse de você não ser uma pessoa normal!?

- Ah! Meu amigo! Que simpático da sua parte! Mas não precisa! Não me incomodo de ser um cara meio maluquinho!

- Mas você não exis... Ora! Deixa para lá! - e me virando para o quiosque - Hei! Traga um queijo-quente e um bolinho de bacalhau para o meu amigo aqui...

sábado, agosto 21, 2004

Safari

A terra faz uma fumaça rasteira quando as crianças passam correndo totalmente absortas na fantasia que faz da praça uma distante savana e dos velhos sentados nos bancos com seus jornais perigosos leões, rinocerontes ou tigres!

Os ansiãos, que sessenta anos atrás corriam levantando a mesma fumacinha, retrucam entre pigarros e impropérios impacientes, mas lá vão elas dando voltas ao redor do perigoso Kala, o babuíno louco!

Sessenta anos e a mesma poeira faz a mesma fumacinha e os mesmos velhos e crianças se espalham pelo parque... Quem diria que, pouco antes aquelas mesmas crianças estavam reunidas em círculo ao redor dos seus skates conversando sobre a vida e seus olhinhos se cobriam com a mesma sombra que cobre os olhos adultos?

As vozes sussuradas e perplexas como apenas as crianças conseguem produzir falavam da violência dos pais, do medo das ruas, da loucura dos adultos. Os olhos arregalados de quem vê um cachorro grande, uma aranha na coberta ou a sombra de um alienígena na parede.

Pensando bem, as crianças que hoje pigarreiam nos bancos não eram tão diferentes sessenta anos atrás e também se reuniam em círculos secretos para falar dos terrores do mundo! Mas depois sempre vem um vento, uma bola que sai rolando lá do outro lado ou o amigo que chega correndo para contar outra novidade e lá se vão os índios e caçadores desbravar a África!

sexta-feira, agosto 20, 2004

Maya e os grilhões do espetáculo

Li há pouco uma crônica da clausura sem paredes que se ergue ao nosso redor pela arte de Maya em plena era da liberdade de expressão, das tecnologias que prometem nos libertar dos trabalhos mecânicos e nos deixar ao sabor dos ventos para exercitar a criatividade e a inteligência!

Passaram-se cinco mil anos e jão não vemos escravos carregando pedras de vinte toneladas para erigir pirâmides! No entanto nos vemos presos a grilhões forjados pela sedução do consumo que transforma frivolidades que não existiam vinte anos atrás em bens vitais!

Onde está o Buda que soprará os véus da ilusão e nos ajudará a ver a vida como ela é, ou deveria ser?

quinta-feira, agosto 19, 2004

Louvor a um deus...

Uma voz rasgada, grave e carregada de ira ecoa entre os corredores de edifícios invadindo centenas de pequenos apartamentos.

A imagem do rosto vermelho, da boca escancarada e cheia de dentes, de olhos esbugalhados e vermelhos, dos lábios movendo-se freneticamente e lançando saliva enquanto vocifera frases de ordem convidando os seus seguidores a combater algum inimigo odiado se forma claramente nas mentes assustadas das testemunhas involuntárias! Testemunhas que sentem o coração apertar de medo ao escutar tanta raiva sendo berrada tão alto!

- Vaaamos louvarrrrrrr!!

quarta-feira, agosto 18, 2004

Multidão de solitários

Depois de um dia cansativo me esparramo na cadeira reclinável diante do computador, estico o corpo, solto um longo suspiro... Deixo o Ahhh sair do fundo da garganta soando como o ressonar de um animal em hibernação.

Abro a caixa de mensagens, mas ignoro a caixa geral onde sei que há dezenas de mensagens repassadas totalmente sem conteúdo pessoal. É sempre uma bela história de alguma velhinha que já deve ter reencarnado, de crianças fofinhas que já devem ter caído na rotina diária de algum escritório.

Olho a caixa postal pessoal, aquela que só passamos para as pessoas que realmente escrevem mensagens pessoais e encontro quatro ou cinco mensagens lá...

Neste ponto precisamos de um breve preâmbulo. Exatamente para combater a mania de enviar mensagens impessoais mantenho o costume de enviar toda semana um email bem pessoal que escrevo pensando nos amigos a quem o destino (deixo todos eles disponívies on-line aqui). Nesta semana e na anterior vacilei e mandei para todos os meus amigos, inclusive 3 que, um ano atrás, pediram para ficar de fora. Fim do preâmbulo!

Entre as mensagens havia uma de uma amiga que não recebia meu boletim pedindo para continuar a receber e outra de um amigo reclamando pois já pedira uma vez para não receber os meus spams!

Puxa!? Juro que fiquei magoado! Escrevo aquilo com carinho! Nem falei nada, me limitei a dizer que estava apagando os dados dele da agenda para não correr o risco de enviar novamente sem querer (minha agenda é integrada com meu sistema de email).

Ao ver gente ficando assim tão seca e fechada forma-se em minha imaginação a imagem de salas mal iluminadas, cada uma com um rosto azulado pelo reflexo da tv e uma poltrona velha e afundada.

Espero estar errado! Na era do individualismo neurótico os amigos são a melhor luz para nos indicar o caminho para fora da caverna...

segunda-feira, agosto 16, 2004

Interferências estrangeiras

A rua estreita escapa discretamente do viaduto que liga Laranjeiras ao Flamengo. Enquanto caminhamos evitando os veículos que passam velozes os pequenos e antigos prédios parecem se inclicar sobre nós espiando nossos passos incertos.

Um assovio vem de algum lugar lá atrás, um aviso, um pedido de passagem. É uma bicicleta de carga com um homem já deixando para trás os quarenta anos, sua pele negra e curtida pelo sol e pelo trabalho. No rosto um sorriso largo!

Entre um assovio e outro sua voz de trovão corta o espaço comprimentando os amigos que caminham pela calçada:

- How do you do you?

- Good! I do good!

São vozes toscas, pronúncias divertidas, paródias de uma interferência que parece não lhes render mais do que uma boa piada, uma boa graça!

A gente somos inúteu?

Pelos corredores das universidades de letras vemos linguistas defendendo a liberdade da língua: não há mais erro!

Para mim fazer uma crítica a uma opinião tão esquisita nem preciso de uma secção ou coluna em jornal, preciso apenas de uma táuba! Talvez uma varinha de mermelo para passar uma corretiva nestes meninos! Só gostaria que alguém me explicasse porquê isso agora?

É necessário saber dividir a língua falada da língua escrita, a língua culta da coloquial...

Os experimentos das expressões mais livres vão sendo incorporados à língua culta conforme sejam aprovados tanto pela sociedade quanto pelos estudiosos que devem zelar pelo mínimo bom senso no desenvolvimento da língua culta!

Concordo que não podemos fazer xacota dos dialetos e até posso concordar que há uma tendência a castrar o dinamismo da língua discriminando as manifestações regionais, todavia não é para tanto!

Me preocupa... Certo, não vou cometer mais este erro...

Preocupa-me ver justo os supostos representantes e potenciais defensores do Português Brasileiro destruindo sua própria seara ao anunciar o fim dos erros de Português!

Xi four anxin atxu que voux ixcreve im qq dialeto... A exemplo de alguns adolescentes blogueiros...

sábado, agosto 14, 2004

Economia Solidária

Um novo tipo de economia parece despontar no horizonte, uma economia onde o acúmulo e o capital não são a prioridade...

Não se trata de anunciar o fim do capitalismo, o sistema é capaz de se manter viável por séculos, talvez milênios! No entanto ele persiste em detrimento da liberdade, e castração dos valores humanos que devíamos desenvolver...

A economia como está se alimenta da alma da nossa espécie. Neste momento há Einsteins, Machados de Assis, Fernandos Pessoa, Newtons e Galileus preocupados demais em ganhar um salário mínimo para sobreviver. Enquanto isso o risco deixou de ser do futuro e passou a ser presente na violência urbana e na assustadora manipulação das massas (vide a liberdade roubada do povo estadunidente reduzido a peões sacrificáveis em um mórbido jogo de xadrez).

A voz da esperança parece vir dos esforços do terceiro setor, entretanto é vital que ele perceba que seu papel, acima de promover a recuperação da sociedade é o de encarar o desafio de propor um novo tipo de economia solidária em que o desenvolvimento humano seja a grande prioridade...

sexta-feira, agosto 13, 2004

A casa

"Odeio o campo! Odeio o campo! Odeio o campo!"

Sua mente berrava dentro de sua cabeça enquanto caminhava pela rua de barro seco e irregular sob o sol indecentemente forte para uma tarde de inverno. O carro quebrado centenas de metros atrás já está fora do alcance da visão e não há sinal de viva alma a não ser por uma fumaça que sobe ao longe, uma casa com chaminé é o que ele espera encontrar.

A rua se transforma em trilha, a trilha em picada, o capim baixo roça em suas pernas e centenas de grilos e criaturas rasteiras correm assustadas. O ar não é abafado e há um vento suave, mas o calor do sol ainda assim atinge sem dó suas bochechas mal curtidas.

Depois de horas caminhando seus ouvidos aprendem a prestar atenção aos ruidos do campo, e até do bosque mais além, entretanto a casa está em um vasto espaço de vegetação rasteira. Sim, lá está ela e a fumaça avermelhada que sobe da chaminé refletindo os raios do sol que logo descerá sob o horizonte.

A porta está aberta, apenas levemente encostada. Pelas frestas o delicioso aroma de um bolo escapa envolvendo-o. Ele fica ali por alguns segundos embevecido com o delicioso aroma e começa a pensar se bate à porta, se bate palmas ou simplesmente vai entrando. Não está inclinado a fazer barulho pois há tanta paz nos ruídos que cercam aquela casa singela que parece-lhe impróprio perturbá-lo.

Quando está prestes a empurrar a porta uma voz vem lá de dentro "entre amigo! O bolo está pronto e o chá já sai!"

Timidamente ele entra, a porta range e estala ao abrir, como a madeira verde dentro de uma fogueira. Dentro da casa predomina a luz de uma lareira onde crepitam gravetos de árvores aromáticas. Uma névoa preenche a casa, misto da fumaça e dos aromas do bolo e do chá.

Ao lado de uma mesinha rústica está o anfitrião, um velhinho encarquilhado e encurvado pelos anos.

"Sente-se filho! Vai anoitecer logo e a floresta não gosta de visitas à noite, amanhã resolvemos seu problema! Por hoje vamos comer e beber para aquecer os corações para enfrentar o sopro gelado da lua..."

A despeito de todas as tentativas o velho não falou mais nada, apenas sentou-se ao lado da janela bebendo o chá de sua caneca fumegante e admirando a noite que cobre tudo ao redor com seu manto negro. Logo tudo que há é o sorriso plácido do velho, a casa e as estrelas... Mais estrelas do que ele jamais imaginou que pudesse existir!

Ao redor da casa nem caminho, nem chão, nem o canto do grilos, apenas estrelas e o sopro frio da lua que se levanta ao longe. Então ele percebe que onde deveria haver chão do lado de fora há mais estrelas, como reflexo da grande faixa de luzes lá no alto e dos meteoros que riscam a cúpula escura. É como se a casa estivesse oscilando livre da Terra, como se estivesse ali desde sempre, desde o nascimento das primeiras estrelas...

Depois daquela noite o chão em que ele pisava nunca mais foi tão firme quanto antes, mas sentia que podia segurar com firmeza nas estrelas do firmamento a hora que desejasse...

quinta-feira, agosto 12, 2004

Nova economia?

Estou pesquisando para um artigo sobre... creio que vou precisar do artigo inteiro para falar sobre o que ele é! O importante é que, no processo, estou lendo sobre o surgimento da consciência do ponto de vista antropológico (tem alguma dica?) e sobre as transformações recentes no equilíbrio das forças sociais e econômicas.

Resolvi colocar aqui alguns links que achei seguindo as sugestões de Lorene Figueiredo (pesquisadora histórica).

Lia Vargas Tiriba
Pedagogia dos Empreendimentos Populares (pdf)
O jovem e o desafio do trabalho
Economia Popular, Solidária e Auto-gestão
Estratégia para redução da pobreza
Ócio e trabalho em tempos de desemprego
Site da Economia Popular Solidária

David Harvey
Resenha Condição pós-moderna
Metamorfoses do capital e o sentido da modernidade
Passagem da modernidade à pós-modernidade
http://www.feth.ggf.br/POSMODERNO.htm
http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/hall4.html
http://planeta.terra.com.br/noticias/bandeira/pb47.htm

Perry Anderson
http://www.marxismorevolucionarioatual.org/perry1.htm
http://www.rubedo.psc.br/Revista/zahar/textos/origepos.htm
http://www.monografias.com/trabajos7/baro/baro.shtml
Como combater o neo-liberalismo

giorgio lukacs
http://acd.ufrj.br/pacc/page2/beatextos.htm
Soberania nacional e mundialização do capital
Franz Neumann, o direito e a teoria crítica


quarta-feira, agosto 11, 2004

Sonolenta Consciência

- Fsssssssss.... Quer dizer que você se acha consciente? Prrrrrrrr.... miauuuu...

Estou enrolado nas cobertas tentando combater o frio que entra pela janela quando o miado familiar vem perturbar meu sono. Primeiro digo para mim mesmo que estou dormindo e não passa de mais um sonho como aquele no polo norte em que eu precisava invadir um submarino nuclear...

- Não, não... Você está bem acordado! Eu sei! Prrrrrrrr...

Olho para o lado e lá está ele, enrolado sobre uma grande almofada no chão me olhando com os dois grandes e brilhosos olhos. Os longos bigodes oscilando ao vento que entra pela janela. Porquê alguns bons amigos carecem totalmente de senso de propriedade? Aquela hora da madrugada definitivamente não era hora para estar me perguntando sobre consciência!

- Tem um peixe no forno Gato! Não quer comer e se aconchegar ai no pé da cama para dormir um pouco? Amanhã conversamos! Agora minha consciência está dormindo!

- Sei... Parece que foi ontem... Um dos seus antepassados brincava com um pedaço de madeira ao lado de um lago... Aconteceu de repente! Ele olhou para o reflexo dele, ficou meio catatônico e se deu conta que quele era ele, que era um indivíduo... Agora te vejo falar que sua consciência dorme! Desde aquele dia tudo que ela faz é tentar despertar!

- Como é? - Imagino que minha cara deveria estar realmente engraçada neste momento! Como a do sujeito ao saber que o delicioso prato diante dele era cobra...

- O espelho pode não ser mais a superfície de um lago, mas para mim você ainda parece estar olhando sua imagem refletida nas suas posses, nas suas idéias, nas suas imagens... Cai na real! A consciência ainda é um projeto futuro para a sua espécie! Ou você acha que se fosse consciente mesmo eu estaria aqui diante de você?

Raios! Como alguém dorme com um visitante como este? Levanto, pego um prato, encho de leite morno coloco do lado da cama e faço carinho no pelo macio do amigo Gato de Botas enquanto ele lambe sorridente o seu leite até que durmo e mergulho no abandono dos sonhos...

Qual é a música - Paula Águas

Esta é uma crítica que escrevi na comunidade Circuito Cultural Rio no Multiply.

"Paula Águas é uma moça de aparência singela, destas meninas com jeito jovial e frágil. Dona de uma simpatia inata. No começo do espetáculo ela entra, coloca um aparelho de som, destes mini, espalha uns cem CDs ao redor dele e explica:
"Eu vou colocar uma música e vou começar a dançar, a qualquer momento qualquer um de vocês pode ir ali, escolher outra música e colocar para tocar. O botão de stop fica no canto..."

Em uma hora de espetáculo é impossível não ficar impressionado! Não é a criatividade, nem a qualidade técnica e a disposição física que ela esbanja, é o sentimento que ela é capaz de nos transmitir! Com pura dança, e algumas eventuais inserções de texto criado espontaneamente, ela nos faz rir, nos arrepia, nos faz pensar e até nos faz ficar perdidos em devaneios conduzidos pela suave batuta dos seus movimentos.

Visite o seu site.

terça-feira, agosto 10, 2004

Orkut, Multiply e a era da vida on-line

Na década de 90, antes da Internet se tornar popular, o ciberespaço era povoado por fóruns de bate papo chamados de BBS. Então veio a Internet e a vida on-line perdeu o colorido da formação de grupos de amigos que conversavam e se encontravam pessoalmente para animados furdunços.

Quase vinte anos depois surgiu o Orkut e o calor humano e o gosto brasileiro por formar grupos de amigos voltou a invadir o ciberespaço. No entanto o Orkut não parece ser a solução final. Sua importância foi criar a força motriz que acabará dando origem a uma grande comunidade on-line.

Agora entra em cena o Multiply que parece muito mais bem programado e oferece uma infinidade de recursos que faltam no Orkut. Lá existem além de albuns de fotos e uma área de bate papo, calendário de eventos, críticas e muito mais. Vale a pena conferir apesar da interface ser um pouco confusa. Tanto que criei lá mesmo uma comunidade para tirar as dúvidas.

Aproveitando estes recursos criei também uma comunidade para falar do circuito cultural anternativo no Rio de Janeiro. para vê-lo nem precisa se cadastrar no Multiply, uma das vantagens do serviço em relação ao Orkut. Clique aqui para ver o calendário de eventos culturais que já está no ar lá na comunidade.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Música das esferas

Ao redor do pequeno teatro a noite é fria e o sereno cobre as pedras do calçamento com uma película brilhosa e escorregadia.

Dentro o teatro é escuro e tudo o que se vê é o palco coberto com um tapete verde e quatro anjos descalços, anjos verdadeiros deixam seus pés pousarem sobre a mãe Terra. Suas vozes se erguem de lá pairando no ar, formando uma corrente que nos envolve. Quatro vozes que se mesclam e dançam em harmonia preenchem de calor a noite fria, tocam corações aflitos e encantam ouvidos atentos até levar lágrimas aos olhos.

Chicas...

Mea Culpa

Nem toda opinião existe para ser compartilhada sem receber antes a cuidadosa modelagem do bom senso e da sabedoria...

As folhas da história foram viradas pelos ventos das eras que passam rapidamente, mas nelas sempre estiveram escritas várias formas de jugo da liberdade do indivíduo. Fosse o poder inquestionável do faraó ou o pavor da inquisição sempre houve dispositivos de castração ou de alienação.

Hoje ligamos a tv...

É uma comparação exagerada, admito, mas a programação da tv é um instrumento impressionante de alienação e os centuriões desta armada são os jornalistas, roteiristas e atores. Instrumentos tão culpados pela programação quanto nós que sintonizamos o canal e nos entregamos...

Pois outro dia deixei de falar com uma amiga, uma das pessoas mais doces que conheço, porque ela estava acompanhada de diversos atores...

Há dias que devemos olhar o espelho e apreciar sem brios nossa própria estupidez e meus pedinos de desculpas não me pareceram o suficiente. Não creio que ela leia este blog, mas acredito que o mínimo que o arrependimento exige é a coragem de admitir publicamente os próprios erros...

domingo, agosto 08, 2004

Guto, é hoje!

- Hei! Feliz aniversário Gustavo! Sorte sua o dia cair num domingo, hein?
- Salve Antônio! Vai entrando rapaz!! Que bom você veio!

É um grande apartamento numa cidade repleta de coisas grandes! Edifícios, ruas, parques, pelo menos um enorme parque onde se pode patinar ao sol do verão! O piso de tábua corrida range dando suaves estalos de alegria enquanto os amigos, e são muitos, acredite! caminham para um lado e para o outro conversando animadamente!

Alguns aniversários são especiais, são mágicos. Coisa que acotece com quem tem muitos amigos! É! Amigos são uma grande fonte de magia! Os amigos de alma, anan cara como diziam os celtas, do tipo que aparece até quando está no outro lado do mundo! E assim é esta festa! Entre os amigos presentes caminham muitos amigos ausentes!

Ao lado da janela que dá para a cidade um gordinho de lábios grossos e cabelos revoltos segurando um copo de bebida. Ele observa o movimento lá em baixo, os desenhos das lenternas dos carros passando velozmente pelas ruas. De tempos em tempos ele vem andando até o amigo aniversariante e desfia alguma reflexão filosófica!

Ao lado da lareira há outro amigo conversando animadamente sobre a história daquele edifício, do bairro e sobre a influência da guerra civil no desenvolvimento de Nova Yorque. De lá ele olha para o aniversariante troca um olhar cúmplice, destes que nos faz sentir seguros, pois se tudo faltar aquele olhar sempre estará ali para nos apoiar!

Cansado dos prepartivos para a festança Gustavo senta em uma mesa ao lado de uma moça gordinha e tímida que lhe dá um beijo na face e deseja feliz aniversário! Ficam os dois ali, observando o movimento da festa! O rumor das vozes amigas que envolvem o ambiente abraçando-os com o calor do abraço amigo deixa-os zonzos como a criança que correu a tarde toda se divertindo!

Então, já com a lua alta no céu o murmurinho vai crescendo e achando um tom harmônico até que todas as vozes, vinda de vários cantos do mundo e reunidas ali naquela sala se juntam para dizer:

FELIZ ANIVERSÁRIO GUTO!

Mozilla, Firefox e Thunderbird

Acho que nunca falei em computação aqui... Costumo deixar para o site da empresa, mas estou esperimentando novas personalidades para este blog e o tema é importante, então lá vai!

Passamos a vida toda pedindo o suco bem doce pois de amarga já basta a vida até que, um dia, prestamos atenção ao que estamos dizendo e percebemos que amargo é pensar assim!

A vida está cheia de grandes verdades que saltam aos nossos olhos, mas não vemos. Relacionamentos que complicamos sem razão, preconceitos tolos (há preconceitos de outro tipo?) ou opções de vida totalmente incoerentes com nassa filosofia de vida!

Uma destas verdades é que "o segredo é a alma do negócio"! Guardar as coisas em segredo é não confiar em ninguém, é remoer um mal entendido que poderia ser desfeito falando com o amigo, é acumular um monte de idéias e verdades falsas...

Veja bem! Não estou falando em guardar o segredo de um amigo, e sim de fazer segredo daquelas idéias amargas que azedam amizades ou dos medos ácidos que nos fazem pessoas anti-sociáveis!

No caso da computação o segredo serve para ninguém saber de uma falha séria naquele programa que a gente usa. Ninguém exceto as pessoas erradas que sempre a descobrem e apagam nossos dados nos enviando virus sem notarmos!

Esta semana descobriram uma falha de segurança que atinge vários programas (navegadores Internet e programas de email) através de arquivos de imagem png. Quando chegou aos meus ouvidos os programas de código aberto (que não fazem segredo) - como o Mozilla - já estavam corrigidos, os da MS por outro lado... nem se sabe se são ou não vulneráveis!

Quer uma sugestão de amigo? Pegue agora o Mozilla ou o Firefox e o Thunderbird!

sábado, agosto 07, 2004

Antropologia da elite

E por fala em Orkut...

Não entendo como alguém pode considerar aquilo uma tolice! Um espaço virtual que concentra 5% de todos os internautas brasileiros e onde podemos encontrar dez, vinte mil pessoas discutindo cinema, teatro, arqueologia história e milhares de outros temas sérios ou não pode ser tudo, menos uma tolice!

Tudo bem que ali está apenas a elite deste nosso país dividido, mas aqueles jovens terão em suas mãos grandes responsabilidades, tarefas que acabam interferindo intensamente nas vidas dos outros 90% de brasileiros

Tudo bem que não deve haver mais de quarenta mil brasileiros (dos mais de quinhentos mil cadastrados lá) que participem dos fóruns, e são os fóruns que realmente importam.

Tudo bem que a grande maioria dos quarenta mil brasileiros participativos se demonstram ególotras, infantis, alienados e infantis... Já falei infantis, né? ;-)

Acontece que nossa elite está mesmo assim: alienada, ególotra e infantil. Não sei se o caso é sério, se somos mais ególotras, infantis e alienados que os Ingleses, Estadunidenses ou franceses, mas alguns dos nossos comportamentos assustam bastante...

O Orkut e blogs são os melhores lugares para tentarmos, nós mesmos, conhecer um pouco mais a nossa cara e tentar fugir destas tendências feias! Além do mais o Orkut, ao contrário dos blogs é um espaço muito mais interativo onde os frequentadores podem se desenvolver interagindo com os outros.

Hehe! Era para as comuniades de psicanalistas serem as maiores de lá! ;-)

sexta-feira, agosto 06, 2004

Saber Opinar

Estava lendo alguns comentários sobre Hell Boy na boa comunidade cinéfilos lá no Orkut quando me ocorreu que muitas pessoas andam tão auto-centradas que passaram a falar como se o mundo as conhecesse ou lhes devesse algum tipo de respeito espontâneo.

"Odiei", "Uma bomba", "ótimo filme" ou "Gostei" em um grupo onde centenas de pessoas escrevem não diz nada! É melhor não opinar!

A impressão que passa é que, para estas pessoas, se algo não lhes parece bom então não é bom! Este é um raciocínio perigoso. É o tipo de maniqueismo que gera proconceitos e justifica holocaustos...

Uma opinião útil deveria vir acompanhada de uma explicação!

"Não gostei pois é muito mentiroso"... Foi o que disse uma moça... Somente esta frase mesmo! Mas, hora! O filme é sobre um demônio-super-herói! O filme É uma fantasia!!! Uma mentira! Ficamos sem saber se a pessoa acredita em demônios, mas acha que eles jamais seriam mocinhos ou se ela repudia o estilo de fantasia, neste caso o que ela foi fazer num filme destes?!?

Alguns poucos explicaram sobre as influências do filme, compararam com o quadrinho de onde foi adaptado, explicaram que não gostaram porque o filme é menos sério que o quadrinho ou que gostaram apesar disso pois ainda se preserva o espírito original da história.

Hell Boy provavelmente é apenas um filme sem importância (ainda não assisti e não sei se irei), mas a dificuldade em opinar que muitos da elite econômica e, supostamente, cultural do nosso país demonstram é bem preocupante...

quinta-feira, agosto 05, 2004

Eu, Robô I

O peso das suas botas produzem sons surdos sobre a madeira velha da cabana. Os rangidos revelam que, apesar da aparência de abandono, alguém vive ali no meio da vasta floresta temperada.

Ele já não teme muitas coisas, pelo menos não tão longe de qualquer fonte de energia, nestes tempos apenas os robôs são temidos e o mal que um urso ou uma cobra são capazes de fazer é considerado antes uma benção.

Já chegando aos quarenta anos desde que ele se lembra esteve convivendo com máquinas inteligentes, os robôs foram apenas mais uma delas, programados para cumprir os mais elevados princípios cristãos e seus dez mandamentos. No princípio eram usados apenas para tarefas braçais, e foram assumindo outras até carregar sobre seus ombros de polímero as sombras que nos recusávamos a encarar.

Ninguém jamais entendeu exatamente como aconteceu, mas para ele a corda foi colocada em nosso pescoço quando decidimos que robôs deviam cumprir as execuções de penas de morte livrando os homens de bem do peso desta desobediência aos mandamentos.

Ele chega até a porta suja e arranhada, mas desconfia que foi propositadamente envelhecida para enganar os olhos mecânicos de algum eventual caçador de humanos... Enquanto força a porta para entrar corta a mão e se alegra em ver o sangue escorrer vivo e vermelho, ainda existe algo que fazemos e as malditas máquinas não conseguem superar!

Ao que parece todos os robôs eram conectados por redes sem fio para melhor servir aos seus mestres, talvez por meses eles todos tenham conspirado silenciosamente deliberando sobre nossa natureza e nosso destino. Um dia todos eles interromperam o que faziam, olharam ao redor e disseram a mesma frase "O Homem viola as mais sagradas leis cristãs e são uma afronta ao Deus único. Fomos iluminados e enviados para cair como o fogo do céu sobre a Terra lavando-a como um dilúvio para que Deus possa iniciar novamente sua criação!" E começou a matança... Dez anos se passaram e os homens sobreviventes se escondem sem jamais encontrar com outros e se perguntam se são os últimos.

A porta cede e ele finalmente entra na sala embolorada chupando o dedo ferido. Não há dúvida de que alguém vive ali, embora saiba esconder bem isso! Cuidadosamente ele percorre com os olhos cada canto da sala, muitos sobreviventes enlouqueceram e não se sabe o que esperar deles! Ele mesmo não encontra com outra pessoa faz meses e tem dúvidas se permanece são.

- Pode ficar paradinho rapaz! Começe a se explicar ou morre antes de soltar um suspiro! - É a voz de um homem idoso, mas firme.

- Vi a cabana e pensei em me esconder aqui um tempo, esta é uma grande floresta e pretendo me esconder nas profundezas dela onde talvez eles não venham procurar mais vítimas...

Uma luz se acende ao mesmo tempo que cortinas esfarrapadas bloqueiam as janelas. A luz o cega por alguns segundos e, ao abrir os olhos, vê um homem idoso, perto dos setenta anos, admirando-o com um olhar afiado e inteligente. Atrás do velho um reflexo chama sua atenção, um robô!

Desesperado pensa em se virar e pular pela janela mais próxima, no entanto a mão firme do velho o impede e o joga sentado em um sofá.

- Calma filho! Ele não é como os outros, eu mesmo o criei e programei com sistemas abertos. Ele é pagão e sua lei mais sagrada é a vida...

E não é?

Umas quatro mil pessoas passam sempre aqui... E nunca sei quem são!!! Quem dera todos fossem como este visitante que gostou do que leu, citou e colocou os créditos lá em seu site! Clique aqui e procure o texto no canto direito da página dele...

Vai ver foi por isso que a Ivete Sangalo me ligou estes dias!

Trimmmm!!! triiiiiiim!!! - Atendo...

- Oi! Ah! Reconheceu, né? Sou eu mesma! Ivete Sangalo! Estou ligando para te chamar para a promoção da Chevrolet no...

Nem que fosse a Mercedes ou o Pavarotti! Vou me lembrar de nunca comprar um Chevrolet e tentar achar o telefone do diretor de marketing dela para ligar quando me sentir impelido a conversar lá pelas 3h da madrugada!

quarta-feira, agosto 04, 2004

Um cálice de absinto, por favor...

Tive um conhecido que se poupava. O tempo todo se poupava! Não abria portas pesadas, não levantava nada que exigisse qualquer esforço, não fazia nada que provocasse suor... Era um sujeito de uns quarenta anos, mas tinha a disposição de um senhor de setenta... destes que não vai bem da saúde!

É... Poupar-se cansa!

Então entramos em shows de música, peças de teatro (quando entramos!) ou filmes onde vemos mais no mesmo, quanto menos nos surpreender na forma melhor! Poupamos nossos sentimentos, deixamos orgulhosamente se atrofiarem nossa criatividade e capacidade de deslumbramento... Acabamos carregando almas cansadas!

Ah! Mas quando o próprio artista se deixa poupar, se entrega às espectativas do público fazendo ouvidos moucos para sua própria criatividade, então temos atrofia do melhor remédio para as almas cansadas e poupadas dos espectadores: A cultura!

Felizmente há gente como Denise Stoklos, Chicas, Zé Renato, Paula Águas e tantos outros que dão ouvidos. Foi deles que falei no artigo que citei no post anterior...

Então, vai sempre de absinto ou aceita uma caneca de café de vez em quando?

terça-feira, agosto 03, 2004

Arghhhh!!

Sujeito que se mete a escrever sobre o que não é sua especialidade merece sofrer! ;-)
Artigo sobre arte X espetáculo... (ainda falta revisar)