Delirium II
O encontro da Nossa Senhora de Copacabana com a Figueiredo Magalhães é uma pororoca de sons, cores e do bafo quente da pressa urbana.
Virando a esquina uma senhora se precipita em passos rápidos e curtos com a bolsa grudada entre o braço e a roupa cara, mas já desbotada. O senho franzido, os olhos inquietos girando em busca de perigos invisíveis. Uma das mãos segura o nariz e o aperta enquanto os lábios se esgarçam com nojo da figura que acaba de ficar para trás envolta em barbas emaranhadas e sebosas.
Um berro repentino rasga todos os outros sons, pessoas se congelam entre um passo e outro virando-se para ver, mas lá está a velha estatelada no chão depois de tropeçar. De todos os lados surgem mãos solícitas e logo ela está novamente de pé, o esgar de nojo substituído pelo embaraçado sorriso amarelo.
1 Comments:
Vai anônimo pque eu fiquei com preguiça de me cadastrar. Oi, é a Caró! :-)
Cara... No casamento da minha irmã eu tomei um porre pavoroso e lá pelas tantas me estatelei no chão, no meio da pista de dança chiquérrima lá da Vila Riso. Até hoje dói o ego. Não arranhei nem o joelho. O ego, em compensação está em estilhaços até hoje. A minha irmã, que herdou 100% dos gens da elegância - me deixando com nenhum - me deu a mão e começou a dançar comigo. Linda. E eu lá, implorando as desculpas dela... Ó merda, viu?
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