quinta-feira, julho 10, 2003

Paradoxos temporais

O vento frio começa a chegar no largo dos Leões, no Humaitá, antecipando as chuvas previstas para amanhã. As copas das árvores bloqueiam as luzes dos postes desenhando sombras difusas no chão irregular de pedras portuguesas. Num cantinho escondido do largo a luz de um boteco se estende sobre a calçada envolvendo um grupo de rapazes.

Os ladrilhos gastos do chão já perderam o degradê que ia do branco ao preto deixando a cor do barro esticada da porta para o interior onde algumas mesas vazias ficam sob uma televisão sintonizada em uma partida de futebol, nestes bares as tvs sempre mostram partidas de futebol!

Estamos em 2003, mas os vestígios dos anos 70s permanecem todos lá! As garrafas de pinga penduradas nas paredes, o cardápio de pão francês com queijo, ovo colorido e torresminho... Estes dois últimos já desaparecendo na memória dos tempos que se foram: só tinha mesmo o pão com queijo...

Duas meninas entram, não mais do que 17 anos passaram sob aqueles pés que desfilam sobre o chão que viu tantas décadas, pegam uma cerveja, dois copos. Vão conversar e beber lá no meio do largo, longe dos rapazes e donas dos próprios narizes.