quinta-feira, fevereiro 13, 2003

O banco, a velha, o túnel

A madrugada segue mais uma vez sedenta pelas luzes da alvorada e os meus caminhos vão convergindo para o fim numa garagem 24h no Catete, um largo espaço vazio, sob o céu aberto, entre as casas centenárias. Um túnel estreito de paredes feridas pelo tempo e pela lhe humidade dá acesso. Do lado esquerdo um banco velho de madeira com as bordas gastas, encardida pelo tempo e pela sujeira serve de cama a uma figura de panos de cores desbotados, uma velha magra, ossos cobertos pela pele curtida e vincada. A boca se abre para o céu exibindo alguns dentes e dela parece vazar seu espírito em direção ao infinito. Não emite ruido, não parece ter cheiro, mais uma criatura fantástica que desaparece durante o dia abafada sob o véu da saturação dos sentidos.