sábado, junho 26, 2004

Perfeição refletida no lago

Nos troncos úmidos os cogumelos crescem tão rápido que pode-se ouvi-los, os galhos negros das árvores se enchem de flores amarelas, rosadas, brancas, azuis. A brisa fresca traz o sereno da manhã que inicia com os primeiros raios de sol.

O pequeno caminho do bosque ainda evita a luz amarela que logo invadirá os galhos altos desenhando sombras coloridas no caminho de cascalho, mas o velho e seu aprendiz já vão a meio caminho em direção à planície além do bosque. Tão cedo o ar gelado toca seus narizes com o frescor do orvalho.

Minutos antes o orgulhoso aprendiz comentou com seu mestre que uma vida vivida em busca da flor perfeita não é uma vida desperdiçada.

Cercam-os milhares de flores de todas as aparências, cores e odores, mas todas com alguma falha visível. Seja uma pétala rasgada, a falta de simetria ou um estranho aroma.

O mestre então se abaixa e colhe uma flor caida ao lado do caminho e a entrega ao pupilo. Já amassada, perdendo a cor e murcha pois a vida que compartilhava com o arbusto já não a preenche mais.

"Aqui está uma flor perfeita"

E a recoloca em seu lugar...