sexta-feira, maio 07, 2004

Caverna

Altas paredes de vidro deixam o pavilhão repleto de carros importados bem visível, uma enorme e bem iluminada vitrine que brilha entre as ruas escuras que separam o Rio Sul do chique Outback. Lá dentro Audis reluzem refletindo os farois dos automóveis que passam pela rua do institudo de saúde mental: uma vasta via de alta velocidade.
Sob o palácio de máquinas importadas há um vão escuro, umas plantas maltradadas pela fumaça pesada que sai dos escapamentos, um chão batido de barro onde toda a grama que havia morreu faz muito tempo. Encolhido nesta fenda, abaixo do chão que apóia os caros pneus, o corpo quase nú de um homem, apenas um short marrom e sujo de barro o separa dos primitivos pré-históricos, mas aqueles não conheciam a sedução do conforto e luxúria dos bancos de couro...