sábado, junho 14, 2003

Ser, ter, agir...

Ser ou não ser... será esta a questão? Shakespeare pode ser o inventor do humano que se analisa e busca se compreender, mas já são mais de quatrocentos anos de crises existenciais e auto-questionamentos. Estamos soterrados em livros de auto-ajuda, mas andamos pelos cantos das calçadas com medo uns dos outros: medo do menino de rua, do traficante, do policial, do tarado, da lenda urbana! medo...

Entrando e saindo dos shoppings vemos belos carros e gente bem vestida que se alivia da realidade comprando e se divertindo ainda que tenha insônia por causa de contas a pagar.

Sentados nas esquinas jovens de baixa renda se rendem aos rituais de acasalamento.

Diante de uma telinha de TV, cercada pelo barro seco do sertão uma família sonha com o glamour das grandes cidades sem jamais saber o que significa glamour.

Outros 25% que habitam as estatísticas vivem na latitude zero, sem ao menos a tela luminosa para alimentar seus sonhos e só lhes resta a noite que cai cedo ao redor dos lampiões.