quarta-feira, janeiro 22, 2003

Cidadela

Sem cair no maniqueismo dos modernos filmes de ação temos que reconhecer que em tudo há luz e sombras...
Há obra mais leve e luminosa que o Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry? O que nem todos sabemos é que do mesmo punho nos veio a Cidadela... É impossível não lembrar dela ao andar pelas ruas do Rio pela madrugada...
O Largo do Machado mergulha nas sombras da madrugada enquanto a lua já caminha alta pelo céu projetando polígonos de luz etéreos ao passar entre as folha das árvores. Os sons noturnos são abafados pelas imagens sombrias de pessoas que se estendem no chão, coladas às portas das lojas em busca de sono. Sob os farrapos das calças vê-se as chagas cultivadas nas pernas, o sangue seco emoldurando o quadro pusilânime. Chagas adubadas com a sujeira das nossas cidadelas, troféus disputados pelos mendigos da cidade que durante o dia esticam sua escudela vendendo-nos sua podre condição enquanto seguimos a passos firmes imaginando antolhos que nos salvem deste cenário...