segunda-feira, dezembro 16, 2002

O que a Terra nos dá

Algumas obras que lemos deixam marcas profundas. Há quem diga que Don Quixote é assim, O Senhor dos Anéis certamente também é assim e nos deixa costumes como o de vagar a pé pelo mundo em jornadas externas que acompanham as reflexões internas.
E lá ia eu sob a garoa fresca que lavava o Humaitá e as ruas escuras com árvores altas e entre elas o trânsito alheio corre ligeiro. As janelas cerradas e os rostos circunspectos parecem ansiar pela proteção do lar...
Em Botafogo a garoa é a mesma, mas já são outas as ruas, árvores mais baixas exibem as flores tardias da primavera que logo se deitarão ao chão capitulando ante a força do verão. Nas vias negras o trânsito continua a correr alheio.
Uma parada na última casa hospitaleira, Valfenda, a morada dos elfos onde cada janela revela uma beleza natural mais estasiante que a anterior.
Na varanda sul observo a baia de Guanabara. O sol poente no oeste espalha sua luminosidade avermelhada até o leste, a chuva persistente em cada um dos seus milhões de pingos captura a cor cobrindo o mundo com uma névoa rubra enquanto dragões parecem incendiar as nuvens na janela oeste...