domingo, julho 18, 2004

Nogódio

A noite e um frio capaz de trincar os ossos se deitam sobre a praça como um véu de neblina, como uma mortalha que obscurece os pensamentos.

Sentado num banco à sombra de uma árvore o homem joga milho para pombos que só habitam seus devaneios: não há viva-alma entre as grades verdes que limitam as fronteiras da praça.

Abandonado por todos que amava e por quem se considerava amado ele busca explicações. Mergulha nos vastos conhecimentos de antropologia, teologia e filosofia em busca da essência humana, mas tudo que encontra são mais dúvidas.

Nas horas que esteve ali sentado enquanto o dia frio cedia lugar para a noite enregelante sequer conseguiu decidir quem era! Racional, emocional, institivo, filho de um deus ou apenas um animal sofisticado?